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undial teve projeto bilionário e megaesquema de corrupção- governador confessou propina

undial teve projeto bilionário e megaesquema de corrupção- governador confessou propina

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O anúncio de que Cuiabá seria sede da Copa do Mundo de 2014 trouxe uma euforia pouco vista na cidade no início da década passada. Porém, enquanto a população aguardava ansiosamente o início do Mundial - que na Capital mato-grossense ocorreu no dia 13 de junho de 2014 no jogo entre Chile e Austrália -, políticos corruptos se aproveitavam para se beneficiar de um derrame de recursos públicos jamais visto.

 

Passada a euforia, o que se revelou foi um esquema de corrupção gigantesco. “Delação monstruosa”, afirmou o ministro Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, ao ser questionado sobre a confissão do então governador Silval Barbosa, firmada três anos após a Copa.

 

Nela, Silval detalhou como foram feitos os arranjos para pagamentos de propina e desvio de dinheiro em diversas áreas do Estado, envolvendo, principalmente, os projetos de infraestrutura planejados para a Copa.

 

As obras foram orçadas em R$ 2,4 bilhões em valores de 2015, principalmente para a construção da Arena Pantanal e do VLT (Veículo Leve sob Trilhos), que nunca foi entregue.

 

Somente nas duas intervenções mais importantes do Mundial - a Arena Pantanal e o VLT -, Silval confessou ter recebido R$ 36 milhões em propina, que teria sido dividida em seu grupo ou para comprar o silêncio de agentes políticos. Parte do dinheiro foi usada para pagar dívida de campanha e empréstimos contraídos em instituições financeiras.

 

Os valores podem estar subestimados, já que o lobista Rowles Magalhães afirmou, em entrevista ao site UOL, que apenas no VLT a propina para o grupo de Silval chegou a R$ 80 milhões.

 

Já o ex-secretário extraordinário da Copa, Éder Moraes, afirmou em depoimento ao Ministério Público Estadual que a propina do VLT era de 15 milhões de euros, o que daria quase R$ 86 milhões em valores atuais. Moraes, porém, voltou atrás na afirmação, dizendo que dera o depoimento movido por forte estresse.

O ex-secretário da Secretaria Extraordinária para a Copa do Estado de Mato Grosso, Éder Moraes, afirmou, em depoimento no Ministério Público estadual, que a empresa CAF - indústria espanhola produtora de vagões ferroviários - pagou uma propina de 15 milhões de euros (R$ 45,3 milhões) ao governo estadual para se tornar a fornecedora dos trens do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Cuiabá. A empresa nega a acusação (veja abaixo).... - Veja mais em https://www.uol.com.br/esporte/ultimas-noticias/2015/01/21/ex-chefe-da-secopa-mt-acusa-propina-de-r-45-milhoes-em-obra-da-copa.htm?cmpid=copiaecola

O ex-secretário da Secretaria Extraordinária para a Copa do Estado de Mato Grosso, Éder Moraes, afirmou, em depoimento no Ministério Público estadual, que a empresa CAF - indústria espanhola produtora de vagões ferroviários - pagou uma propina de 15 milhões de euros (R$ 45,3 milhões) ao governo estadual para se tornar a fornecedora dos trens do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Cuiabá. A empresa nega a acusação (veja abaixo).... - Veja mais em https://www.uol.com.br/esporte/ultimas-noticias/2015/01/21/ex-chefe-da-secopa-mt-acusa-propina-de-r-45-milhoes-em-obra-da-copa.htm?cmpid=copiaecolaJa

  

Troca do modal

 

Logo que Cuiabá foi indicada como sede, o ex-governador Blairo Maggi definiu que o modal de Cuiabá seria o BRT (ônibus de trânsito rápido), orçado em R$ 450 milhões, somente a obra física, não contando os custos dos veículos.

 

No entanto, no final de 2010, começou uma forte discussão pela Assembleia Legislativa, encabeçada pelo ex-presidente José Riva, para que o veiculo de mobilidade urbana fosse o VLT.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Vistoria VLT 2019

Vagões abandonados do VLT fotografados durante vistoria em 2019

Esses deputados argumentavam que o VLT seria melhor, por vários motivos, entre eles expansão, garantia de 30 anos, qualidade de transporte, e outros argumentos.

 

Com a definição da escolha pelo VLT, o modal foi orçado em R$ 1,2 bilhão.

 

Com a mudança e a licitação, que teve o Consórcio VLT como vencedor, Silval revelou que seu grupo procurou as empresas para exigir propina.

 

O consórcio era composto pela C. R. Almeida S/A Engenharia de Obras, Santa Barbara Construções S/A, CAF Brasil Indústria e Comércio AS, Magna Engenharia e ASTEP Engenharia Ltda.

 

De acordo com o ex-governador, não houve direcionamento de licitação. "Independentemente de quem vencesse, o meu grupo político procuraria o consórcio vencedor para negociar um 'retorno', o que de fato foi feito", admitiu na delação.

 

Propina

 

No depoimento, Silval disse que após a homologação da licitação, pediu para o então secretário da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), Maurício Guimarães, conversar com os representantes do consórcio para negociar a propina.

 

"Eu tinha a intenção de usar tais recursos para quitar uma dívida oriunda de um empréstimo [no valor de R$ 29,5 milhões] que havia sido contraído perante o Banco Rural, por intermédio da empresa Todeschini Construções e Terraplanagem Ltda", revelou na delação.

 

Edson Rodrigues/Secopa

Arena Pantanal - 21 de nov

Processo de construção da Arena Pantanal

Silval ainda afirmou que o empréstimo havia sido contraído para quitar uma dívida da campanha de 2010. Ele contou que Maurício Guimarães conversou com um diretor da CR Almeida - uma das empresas do Consórcio VLT - e, nessa reunião, ficou definido o percentual de 3% de propina sobre as medições.

 

O VLT teve as obras paralisadas ainda em 2014 e nunca mais foi retomado. O modal virou uma cicatriz tanto em Cuiabá quanto em Várzea Grande, com os trilhos enferrujados e abandonados cortando as cidades e dificultando a vida dos moradores.

 

Na vizinha da Capital, principalmente, o prejuízo custou a vida de vários condutores que se acidentaram no que restava dos trilhos. A obra também foi a responsável pelo fechamento de várias empresas que funcionavam na Avenida da FEB, principal rota de Várzea Grande.

 

Arena Pantanal

 

Para construção da Arena Pantanal não foi diferente. Assim como ocorreu no VLT, conforme Silva, ficou acertado que o consórcio vencedor pagaria 3% de propina nas medições.

 

Com a saída de Éder Moraes da Secopa em 2012, conforme a delação de Silval, coube ao novo secretário, Maurício Guimarães, coordenar e cobrar os valores devidos de propina da Mendes Júnior, uma das empresas integrantes do consórcio, junto com a construtora Santa Bárbara.

 

O grupo empresarial venceu a licitação para a construção da Arena Pantanal em março de 2010, inicialmente orçada em R$ 342 milhões.

 

No mês seguinte, foi assinado o contrato entre o governo e o consórcio. Foram assinados vários termos aditivos de contrato e, por fim, gastos mais de R$ 600 milhões. Neste caso, Silval confessou que seu grupo teria recebido também R$ 18 milhões em propina.

 

Descobriu-se mais tarde o acerto de propina com o Consórcio C.L.E Arena Pantanal, que assinou contrato de R$ 98 milhões para fornecer tecnologia da informação ao novo estádio. Conforme ação do Ministério Público Estadual, Silval e o então deputado estadual Romoaldo Júnior, já falecido, teriam recebido R$ 1,7 milhão em propina neste contrato.

 

Diferente do VLT, a Arena Pantanal foi entregue para relização da Copa do Mundo, porém, ainda com alguns pontos inacabados. Após o término do Mundial o local ficou conhecido como “elefante branco”, termo usado para designar uma obra grande e pomposa, mas sem serventia, já que Cuiabá quase nunca era palco de grandes jogos de futebol.

 

O local só passou a ser valorizado após o Cuiabá conseguir entrar na Série A.

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