Andarilho acusado de assassin@r 10 pessoas diz que tem prazer em mat@r
Uma denúncia oferecida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), em outubro de 2015, narra que o andarilho Antônio Luís Amorim Barbosa, de 35 anos, sente prazer em matar. Ele é suspeito de já ter matado dez pessoas ao longo dos últimos anos em cidades goianas.
O andarilho foi preso no sábado (26), no Jardim Ingá, em Luziânia, após policiais militares realizarem uma força-tarefa para localizá-lo. Antônio passou por audiência de custódia e vai continuar preso de forma preventiva.
Em nota, a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) informou que representou Antônio para cumprir seu dever legal e constitucional de garantir a defesa de pessoas que não têm condições de pagar por um profissional. Mas, que se manifestará sobre o caso somente nos autos do processo.
No sistema do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) consta que Antônio responde por dois processos de homicídio, ambos praticados em 2015. O g1 teve acesso às denúncias do Ministério Público de Goiás (MPGO) destes dois casos, onde descreve Antônio como uma pessoa violenta, perigosa e que "sente prazer em matar".
O primeiro caso trata-se de um crime que aconteceu em abril de 2015, no Setor Leste de Luziânia. Segundo a denúncia, Antônio tinha passado o carnaval na cidade naquele ano e, durante as comemorações, se desentendeu com um homem, que deu um tapa no rosto dele.
Meses depois, Antônio voltou à Luziânia e acabou encontrando a vítima na rua. O andarilho reconheceu o rival e partiu para cima dele, desferindo vários socos, que causaram à vítima múltiplas fraturas.
A denúncia destaca que Antônio se aproveitou da sua situação vulnerável da vítima, pegou uma pedra de aproximadamente 1kg, e deu vários golpes na cabeça dela. A vítima morreu em função das múltiplas fraturas e de traumatismo craniano.
Ao denunciar esse crime à Justiça, em outubro de 2015 (seis meses depois), os promotores pediram que Antônio fosse preso de forma preventiva, porque além de agir de forma cruel neste caso, ele também já tinha praticado outros crimes em outras cidades goianas.
O documento menciona que Antônio confessou aos policiais da cidade de Pirenópolis, em julho de 2015, ter matado outra pessoa durante um latrocínio (roubo seguido de morte). O andarilho também teria dito que matou outras pessoas em Anápolis e outras cidades goianas.
Já naquela época os promotores chamavam atenção para possíveis cinco homicídios de Antônio, praticados todos sob o mesmo modus operandi. Além disso, citam que ele mesmo dizia que tinha "prazer em matar".
“Cumpre destacar as palavras do denunciado em sede policial, na ocasião acima narrada, quando afirmou que ‘se for preciso, é capaz de matar mais pessoas; QUE tem prazer em matar pessoas’. Com a medida evita-se que o denunciado pratique novos crimes, porque se mostra propenso à prática delituosa”, diz o Ministério Público na denúncia.
Dez mortes
O tenente César Chicarolli, da Rotam, explicou que Antônio é suspeito de seis homicídios, dois latrocínios (roubo seguido de morte), além de crimes de ameaça e lesão corporal.
Homicídio em abril de 2015, em Luziânia (narrado acima)
Homicídio em junho de 2015, em Anápolis (narrado abaixo)
Latrocínio em julho de 2015, Pirenópolis (citado pelo Ministério Público, mas sem detalhes)
Latrocínio (citado pela PM, mas sem detalhes)
Outros dois homicídios entre 2016 e 2024 (citado pela PM, mas sem detalhes)
Triplo homicídio em Senador Canedo, em julho de 2024 (narrado abaixo)
A Polícia Militar só pôde prender Antônio no último sábado (26) porque existia um mandado de prisão em aberto contra ele por um crime praticado em Anápolis, em junho de 2015.
A ordem foi expedida após um júri popular, realizado em 4 de outubro deste ano, condená-lo a 18 anos e oito meses de prisão em regime fechado.
Na sentença, o júri avaliou Antônio como uma pessoa “com baixo senso de justiça” e “indiferente à dor do próximo, o que beira à sociopatia”.
É sobre esse crime que se refere a segunda denúncia do Ministério Público contra Antônio. Segundo apurado, Antônio e a vítima viviam em situação de rua e costumavam passar a noite juntos em um prédio abandonado.
Em uma das noites, os dois homens teriam se desentendido. Na noite seguinte, Antônio teria “agido com frieza” ao convidar a vítima para consumir bebidas alcoólicas com ele.
Quando o homem já estava embriagado e, conforme a denúncia, sem condições de se defender, Antônio pegou um bloco de concreto e bateu várias vezes na cabeça dele. Na sequência, ainda deu várias facadas nas costas dele, “para garantir que tinha morrido”.
A denúncia ainda narra que, após matar o homem, Antônio continuou no local e “dormiu tranquilamente”. No dia seguinte, acordou com a movimentação da polícia e acompanhou o trabalho policial com distância.
No documento, os promotores reforçam que Antônio precisa ser mantido preso e citam, mais uma vez, o homicídio em Luziânia e o latrocínio em Pirenópolis.
O homicídio mais recente atribuido à Antônio, segundo a PM, foi praticado em Senador Canedo, no dia 22 de julho. Aos policiais, foi relatado que o homem foi acolhido em uma casa, que funcionava como uma espécie de abrigo, após se apresentar como morador de rua.
Por motivos ainda não esclarecidos, Antônio se aproveitou da confiança das vítimas para praticar o crime. Depois, fugiu para a cidade de Luziânia, onde estava escondido.
“Ele estava morando na mesma casa dessas três vítimas, todos homens, e os matou com uma faca”, afirmou o tenente Chicarolli.
Ao g1, a Polícia Militar também informou que uma das vítimas do crime não morreu na hora e foi encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital de Urgências de Goiás, em Goiânia, mas também não resistiu aos ferimentos.
"O suspeito de cometer os crimes seria um indivíduo conhecido como “Maranhão,” que também residia no local, mas não foi encontrado. As investigações mencionam a possibilidade de que o autor seja o foragido recapturado pela polícia", afirma a PM.
O triplo homicídio está sendo investigado pela Polícia Civil. O g1 entrou em contato com o delegado responsável para mais detalhes, mas não houve retorno até a última atualização da reportagem.
Sobre o andarilho
Nos documentos do MPGO é informado que Antônio Luís Amorim Barbosa nasceu em 25 de novembro de 1988, na cidade de Balsas, no Maranhão.
O homem usava documento falso e se apresentava com o nome de Marcos. Com isso, conseguiu trabalhos como pedreiro, mas também ganhava dinheiro vigiando carros.